
1492
Cristóvão Colombo desembarca nas Bahamas iniciando a exploração europeia na América
Cristóvão Colombo (1451-1506) nasceu na cidade de Gênova, Itália, e o seu principal meio de vida foi o comércio marítimo. Em 1477 se estabeleceu em Lisboa, Portugal, onde começou o projeto de navegar ao Oriente a partir de novas rotas. Após algumas viagens na costa africana, em 1484 elaborou um plano de nova rota de viagem pelo Atlântico para as Índias. Para tal empreendimento pediu apoio ao rei de Portugal, D. João II, mas o monarca rejeitou o pedido. No ano seguinte, 1485, o mesmo projeto foi rejeitado pela coroa espanhola.
Colombo insistiu em sua ideia e, em 1491, teve o seu pedido aprovado pela Rainha Isabel de Castela e o Rei Fernando da Espanha. No dia 3 de agosto de 1492, Colombo embarcou em Palos de la Frontera, em Huelva, com 89 marinheiros, 2 caravelas e uma nau. O destino seria a Índia, no continente asiático. Ancorou primeiro nas Canárias para abastecer as embarcações. 33 dias depois, em 12 de outubro, avistou terra: era o ilhéu de Guanahani. Percorreu, então, o arquipélago das Bahamas e as ilhas de Cuba e do Haiti, no Caribe, pensando ter chegado à Índia.
Após explorar outras ilhas na América, Colombo retornou à Espanha levando indígenas, aves e um pouco de ouro para apresentar a coroa espanhola. Da mesma forma, deixou alguns navegadores no continente americano. Nos anos seguintes, fez mais três viagens ao Novo Mundo (1493, 1498 e 1502), terra que até seus últimos dias de vida acreditou ser a Índia.

Óleo sobre tela de Andrés García Ibáñez (1858). Colombo recebido pelos reis católicos. Fonte: Museu do Exército Madrid.

Mapa de Bartolomeu e Cristóvão Colombo em 1490.
Fonte: Gallica Digital Library (Domínio Público).
O nome ‘América’
Em 1507, o cartógrafo alemão Martin Waldssemüller registrou pela primeira vez o nome ‘América’ para designar o Novo Mundo. ‘América’ faz menção ao navegador Américo Vespúcio, que fez duas viagens ao Novo Mundo (1499 e 1501). Baseado nas descrições do navegador, Waldssemüller acreditou inicialmente ser Vespúcio o descobridor da América. Mais tarde, quando se deu conta do equívoco, tentou alterar o nome, porém, já era tarde, e o Novo Mundo passou a ser chamado de América. O nome América foi posteriormente adotado por outros cartógrafos, entre eles Lorenz Fries (1522), Willibald Pirckheimer (1525), Franciscus Monachus (1526) e Gemma Frisius (1544).

Mapa elaborado por Martin Waldssemüller em 1507 em que aparece grafado o nome América. Fonte: Duzer (2012).

Detalhe do mapa com a inscrição América. Fonte: Duzer (2012).
A chegada dos europeus e a população da América
No final do século 16, quando os colonizadores europeus chegaram na América, segundo estimativas do geógrafo norte-americano William M. Denavan, havia cerca de 57,3 milhões de indígenas. Em 2014, mais de 500 anos depois, a população total do continente saltou para cerca de 1 bilhão de habitantes. Desse total, apenas 45 milhões são indígenas, conforme levantamento realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Desde os primeiros contatos entre indígenas e espanhóis, as doenças contagiosas foram as maiores responsáveis pelo genocídio dos povos nativos americanos. Conforme pesquisadores alemães, a epidemia de cocoliztli (peste ou enfermidade na língua náuatle, falada pelos astecas), foi responsável pela morte de cerca de 15 milhões de astecas em um curto período, entre 1545 e 1550. A descoberta da epidemia foi a partir do estudo realizado por meio da dissecação de múmias. A epidemia, hoje conhecida como febre tifoide, foi trazida da Europa pelos espanhóis. Além das doenças contagiosas, o violento contato dos europeus com os indígenas, especialmente durante as guerras de conquista de territórios, também ocasionou a morte de milhares de indígenas. Cerca de 130 anos após a chegada dos colonizadores, a população dos povos originários da América havia diminuído em 90%, sendo que, no Caribe, quase foi exterminada em menos de meio século.
Na América Latina, mais de dois terços da população do início do século 21 descende de pessoas que chegaram ao continente após o ano de 1492. Exclui-se desse panorama parte dos Andes (Bolívia, Peru e Equador) e a Mesoamérica (Honduras, Guatemala e sul do México), cuja população majoritária é descendente de povos nativos. Nesse cenário, segundo o pesquisador José Moya (2018), “nenhum outro lugar, salvo as Américas, Austrália e Nova Zelândia, tem uma população tão nova. Na África, Ásia e Europa, mais de 94% da população descende de pessoas que lá estavam há milhares de anos”.
A colonização europeia alterou significativamente o cotidiano dos povos originários do continente americano. Além das mortes, da violência, do roubo das terras e das riquezas naturais, a chegada dos europeus trouxe consigo dezenas de novas plantas e animais, juntamente com novas tecnologias, hábitos alimentares, vestuário, arquitetura, agricultura extensiva, entre outros. A junção dos hábitos dos nativos com as novas práticas europeias moldaram um novo espaço na América.
Dica de filme
1492 – A conquista do paraíso
Direção: Ridley Scott
Elenco principal: Gérard Depardieu, Sigourney Weaver e Armand Assante.
Ano de lançamento: 1992.
Referências
ALONSO, Rafael A. de M. Bahamas. Portal Contemporâneo da América Latina e Caribe. 2024. Disponível em: https://sites.usp.br/portalatinoamericano/espanol-bahamas.
BUENO, Eduardo. História do Brasil. Porto Alegre: Zero Hora/RBS Jornal, 2000.
DUZER, Chet Van. Detalhes, data e significado do quinto exemplar do mapa em gomos globulares de Waldseemüller recentemente descoberto na Biblioteca da Universidade de Munique. Terra Brasilis – Revista da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia Histórica, n. 1, 2012. Disponível em: <https://journals.openedition.org/terrabrasilis/483>.
MOYA, José. Migração e formação histórica da América Latina em perspectiva global. Sociologias, Porto Alegre, v. 20, n. 49, 2018.
PAPAVERO, Nelson. Origem do nome “América” e o Brasil na cartografia quinhentista. São Paulo: NEHIL/FFLCH/USP, 2018.
PERSSON, Milton. Cristóvão Colombo, 1450-1506. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1999.
WASSERMAN, Claudia. História da América Latina: cinco séculos. Porto Alegre: Editora da Ufrgs, 2003.