
1531
Irmãos Martin Afonso e Pero Lopes de Souza exploram a costa do Rio Grande do Sul
O fluxo de embarcações europeias foi contínuo em toda a costa da América após a chegada de Cristóvão Colombo, em 1492. No Rio Grande do Sul, assim como para o Brasil, as primeiras expedições europeias tinham o objetivo de reconhecer e explorar economicamente o território, buscando, especialmente, metais preciosos. Contudo, diferente de outras áreas do Brasil, demorou para que o atual território do Rio Grande do Sul fosse explorado. Tanto espanhóis como portugueses entendiam que nessas terras não havia atrativos econômicos que justificassem o esforço de uma exploração.

Retrato de Martin Afonso de Souza no Livro de Lisuarte de Abreu, 1560.
Fonte: Livro de Lisuarte de Abreu (Domínio Público).
Os portugueses sustentavam que uma expedição sob o comando de Américo Vespúcio, a mando do rei Manuel I, havia explorado a costa sul brasileira em 1501, chegando ao estuário do Prata. Porém, pairam dúvidas sobre esta incursão.
Entre outras expedições portuguesas que exploraram a costa sul do atlântico, está a dirigida por Henrique Flores, pilotada por João de Lisboa e armada por Dom Nuno Manuel e Cristóvão de Haro. Esta expedição descobriu o cabo de Santa Maria, hoje Punta del Este, e navegou pelo Rio da Prata em 1512, chegando provavelmente até o ponto onde posteriormente seria fundada a Colônia do Sacramento.
Mais tarde, em 1514, os portugueses Estevão Fróis e João de Lisboa navegaram até a foz do Rio da Prata, que na época chamavam de Rio Santa Maria. Em fevereiro de 1520, Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano navegaram pelas águas do Rio da Prata, até a altura de um monte que tinha a figura de um sombreiro, batizando-o de Monte Vidi, atual Montevidéu. Cristóvão Jacques (1521), Aleixo Garcia (1522) e Sebastião Caboto (1527) também chegaram ao Rio da Prata.

Rio da Prata, visto desde a Isla Martín Garcia, Uruguai.
Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.
A mais importante expedição europeia em terras do litoral gaúcho aconteceu, contudo, entre 1531-1532, quando os irmãos Martin Afonso de Souza e Pero Lopes de Souza exploraram a costa do Rio Grande do Sul. Martin Afonso explorou as terras do litoral da atual Montevidéu, no Uruguai, até o Rio Tramandaí, no Rio Grande do Sul.

Região litorânea do Rio Grande do Sul navegada pelos irmãos Martin Afonso e Pero Lopes de Souza.
Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.
Apesar da passagem dos irmãos Martin Afonso e Pero Lopes de Souza no início do século 16, foi somente com a fixação dos jesuítas espanhóis na década de 1620 que os europeus ocuparam efetivamente as terras do Rio Grande do Sul.
Para saber mais
Rio da Prata
“O Rio da Prata é o estuário criado pelo Rio Paraná e o Rio Uruguai, formando sobre a costa atlântica da América do Sul uma muesca triangular de 290 km de largura. Corre de noroeste a sudeste e mede 48 km de comprimento no ponto que se toma como origem. No ponto onde as águas deixam de ser doces e se convertem no Oceano Atlântico seu comprimento é de 219 km. O limite exterior do Rio da Prata está determinado pela linha imaginária que une Punta del Este – Uruguai, com Punta Rasa no extremo norte do Cabo San Antonio – Argentina” (Muradas, 2008, p. 60).

Vista aérea do Rio da Prata (em marrom), recebendo água dos seus formadores, os rios Paraná e Uruguai.
Fonte: NASA (Domínio Público).
Referências
GOLIN, Tau. Cartografia da geopolítica e das guerras: Brasil Meridional. In: ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA, 11, 2012, Rio Grande. Anais Eletrônicos... Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande, 2012.
KALIL, Luís G. A. A conquista do Prata: análise da crônica de Ulrico Schmidl. 2008. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.
MURADAS, Jones. A geopolítica e a formação territorial do Sul do Brasil. 2008. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
PESAVENTO, Sandra J. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1997.
POSSAMAI, Paulo C. A fundação da Colônia do Sacramento. Mneme: Revista de Humanidades, Caicó, v. 05, n. 12, 2004.
SANTILLI, Paulo; LADEIRA, Maria I. Os Guarani nos registros historiográficos nos acervos de Espanha. Centro de Trabalho Indigenista, 2009.