1950
Década que marca o início das pesquisas arqueológicas profissionais no Brasil e no Rio Grande do Sul
Desde finais do século XIX são realizados estudos voltados à Arqueologia no Rio Grande do Sul. Os primeiros apresentavam resultados superficiais quanto à ocupação indígena, mas com o passar dos tempos novas metodologias e novos recursos foram utilizados para conhecer as populações que viviam no estado.
No início eram prospecções em sítios arqueológicos, coletas de material e publicação de resultados, geralmente realizados por pessoas que “gostavam” da Arqueologia. Não havia um aprofundamento das análises dos trabalhos realizados a campo.
A partir de meados do século XX, a Arqueologia gaúcha começa a apresentar resultados mais profícuos. Conforme Mergen (2020, p. 115):
“As investigações, produzidas nessa época, quando percebidas em conjunto, transparecem uma crescente preocupação em compreender não apenas as questões pertinentes unicamente as manifestações arqueológicas. De tal modo, a área de estudo ampliou-se, e os pesquisadores passaram a buscar informações também na implantação ambiental e geográfica dos sítios.
Nesse momento, tornou-se inviável pensar um determinado fenômeno arqueológico sem se aproximar de outras disciplinas, principalmente a geomorfologia, a biologia e a história. Essa afinidade e preocupação, contemplativa de outras áreas e de outros pesquisadores, revelou que, no período, já existia uma rede de profissionais, ligados ou não às faculdades, que atuavam e se interessavam pelo estudo arqueológico […]”.
Um dos fatores que contribuiu para o fortalecimento da Arqueologia, foi que os estudos passaram a se concentrar mais em instituições de ensino superior – a pesquisa acadêmica. Além disso, a realização de seminários, congressos e encontros de profissionais foi ampliada, beneficiando a troca de experiências e resultados. Aliado a isso, a difusão do conhecimento produzido tornou-se mais comum.
O arqueólogo Dr. Pedro Ignácio Schmitz ressalta o trabalho de pesquisadores, que muito contribuíram para a Arqueologia no Rio Grande do Sul. Segundo Schmitz (2006, p. 12),
“De 1965 a 1972 meia-dúzia de arqueólogos prospectou o Rio Grande do Sul de norte a sul e de leste a oeste. De 1972 para esta data a pesquisa foi menos intensa porque diversos desses arqueólogos se voltaram para outros estados brasileiros, onde continuam o trabalho. Quem sintetiza os conhecimentos acumulados não pode esquecer o nome dos pioneiros, chefes de equipe: no Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, Eurico Th. Miller; no Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas de Santa Cruz do Sul, Pedro Augusto Mentz Ribeiro; no Instituto Anchietano de Pesquisas, Pedro Ignácio Schmitz e Ítala Irene Basile Becker; na PUC/RS, o Irmão Guilherme Naue e Arno Alvarez Kern; na UFRGS, José Proenza Brochado. A quase totalidade de suas pesquisas se deteve na prospecção, buscando identificar as culturas, ver a sua adaptação ecológica e sua distribuição espacial e temporal. Escavações de grandes superfícies ficaram como obrigação para a nova geração”.
A partir dos anos 2000 no Brasil, se intensificaram os trabalhos voltados a Licenciamentos Ambientais, Arqueologia de Contrato, proporcionando um bom mercado de trabalho para os arqueólogos. Esses trabalhos permitiram um aumento de pesquisas na área, inclusive áreas que até então eram desconhecidas, ou seja, locais que ainda não haviam sido estudados.
Fatos que contribuíram para que algumas universidades do Brasil reabrissem a graduação em Arqueologia. No Rio Grande do Sul o primeiro curso, Bacharelado em Arqueologia foi oferecido pela Fundação Universidade do Rio Grande (FURG).
Nesse cenário, no Rio Grande do Sul, grande parte das universidades, públicas ou privadas, mantém pesquisas concentradas na Arqueologia, mesmo que não ofereçam a graduação. Essas instituições desenvolvem projetos acadêmicos voltados para Arqueologia.
Referências
MERGEN, Natália M. Os pilares da arqueologia sul-rio-grandense (1870-1958). 2020. Tese (Doutorado em História) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2020.
SCHMITZ, Pedro A. Uma pré-história para o Rio Grande do Sul. Instituto Anchietano de Pesquisas. Documentos 5. São Leopoldo, 2006.