RS-T-135 – Fazenda Conceição
Tipo: Casa açoriana
Localidade: Linha Conceição - Fazenda Vilanova/RS
O RS-T-135 é um sítio histórico do século 19 localizado na Linha Conceição, aproximadamente três quilômetros da sede do município, Fazenda Vilanova. Foi registrado pela equipe do LabArq em 2019.
Conforme documentos históricos, a Fazenda Conceição pertencia a Manuel Alves dos Reis Louzada, o Barão de Guaíba, que em 1809 solicitou terras na então Freguesia de São José de Taquari. Além da Fazenda Conceição, Louzada era proprietário das fazendas Pedreira (RS-T-115) e Pinhal, todas localizadas na mesma Freguesia. Após a sua morte em 1862, deixou suas propriedades em testamento para seu compadre Antônio José de Moraes. Cabe destacar que o inventário post mortem de Louzada descreve a presença de 44 pessoas escravizadas na Fazenda Conceição. Anos mais tarde, a fazenda foi vendida para outros proprietários até ser adquirida pela Família Diedrich, atual proprietária.
Atualmente, a única estrutura visível desde a superfície é um muro parcialmente colapsado em uma das extremidades do terreno. Também restam algumas pedras dispostas descontínuamente pertencentes aos fundamentos da casa. O sítio sofre com a perturbação da vegetação que se alastrou sobre a área e com pisoteio de gado. Mesmo com esses desafios, foram realizadas intervenções arqueológicas, limpezas e coletas superficiais com o intuito de evidenciar melhor o perímetro da edificação e para se compreender as características construtivas da casa.
Os trabalhos revelaram que as pedras dos fundamentos da casa foram reaproveitadas em muros de contenção e direcionamento da água da chuva, uma vez que o terreno é levemente inclinado. Cravos utilizados no passado para o barroteamento e fixação dos marcos das portas e janelas se encontram sem uso aparente, hoje dispersos aleatoriamente na área.
Com relação a técnica construtiva, os fundamentos da casa foram compostos com blocos de pedras regularmente trabalhadas, apresentando medidas de 70 x 20 e 70 x 10 centímetros. Estes blocos têm quinas-vivas em suas arestas, em alguns casos perturbadas, indicando o preparo para encaixe na estrutura. Os blocos são dispostos em duas colunas paralelas com uma abertura entre ambas. Nesta abertura foram encontrados materiais construtivos fragmentados e solo argiloso de coloração mais escura e densamente compactado. O material compactado entre as pedras foi coletado e analisado em laboratório. As análises preliminares indicaram se tratar de cupinzeiros de chão que foram compactados juntamente com os outros materiais construtivos disponíveis no entorno.
Cerca de 100 metros da área de escavação, encontra-se uma serraria inativa. Era a força hidráulica gerada por uma roda d’água que movimentava as engrenagens da serraria. O local também teria servido como moinho e atafona. Uma cunha evidenciada na escavação sugere a atividade de falquejamento de toras de madeira. Naquele processo, dependendo do diâmetro da tora de madeira, a lâmina da serra pode ficar presa limitando os movimentos de serragem. A cunha introduzida na abertura feita pela lâmina impede que o vão decorrente da serragem se feche limitando o movimento da serra.

1 Pedras pertencentes aos fundamentos da casa. Sítio RS-T-135. Ano de 2020.

2 Muro parcialmente colapsado. Sítio RS-T-135. Ano de 2020.

3 Escavação arqueológica para delimitação dos fundamentos da casa. Sítio RS-T-135. Ano de 2020.
Referências
LOPES, Sérgio N. Impactos sociais e ambientais produzidos pelo ciclo das fazendas no percurso do Rio Taquari/Rio Grande do Sul (1770-1850): uma abordagem arqueológica. 2021. Tese (Doutorado em Ciências: Ambiente e Desenvolvimento) – Lajeado, Universidade do Vale do Taquari, 2021.
MOREIRA, Paulo R. S.; CARDOSO, Raul R. O cotidiano insubmisso: insurreição escrava, políticas senhoriais e comunidades negras em cativeiro (Taquari – RS – Século XIX). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA CULTURAL, 6, 2012. Teresina. Anais… Teresina: UFPI, 2012.
PIRES, Karen D. Compadrio, parentesco e família: escravizados, libertos e livres na paróquia de São José de Taquari/Rio Grande do Sul. 2021. Tese (Doutorado em Ciências: Ambiente e Desenvolvimento) – Lajeado, Universidade do Vale do Taquari, 2021.