
1809
Criação dos primeiros municípios do Rio Grande do Sul
No início do século 19, o rei de Portugal nomeia o chefe de esquadra Paulo José da Silva Gama como governador da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Ele teve o dever de reorganizar o território e criar a infraestrutura necessária para a administração política em um local onde, até então, a prioridade havia sido as operações militares contra a Espanha.
Nesse cenário, no Rio Grande do Sul, apenas Porto Alegre contava com uma câmara para resolver todos os problemas administrativos e políticos da Capitania. Para atenuar as dificuldades devido ao tamanho do Rio Grande do Sul e à existência desta única Câmara, o governador Paulo José da Silva Gama relatou em 1803 ao vice-rei a situação da Capitania e da população, sugerindo a criação de quatro vilas com suas câmaras.
Atendendo à solicitação do governador, D. João VI, rei de Portugal, assinou em 07 de outubro de 1809 a Provisão Real criando quatro vilas, a Vila de Porto Alegre, a Vila de Rio Grande de São Pedro, a Vila de Santo Antônio da Patrulha e a Vila de Rio Pardo. A criação das vilas acabou por dividir o território do Rio Grande do Sul em quatro grandes municípios.

Mapa do Rio Grande do Sul em 1809.
Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.
Cada uma dessas vilas era formada por freguesias. Assim, a Vila de Porto Alegre era composta pelas freguesias Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, Nossa Senhora da Conceição de Viamão, Senhor Jesus do Triunfo e Nossa Senhora dos Anjos da Aldeia.
A Vila de Rio Grande de São Pedro, pelas freguesias de São Pedro do Rio Grande, Nossa Senhora da Conceição do Estreito e São Luís de Mostardas.
A Vila de Santo Antônio da Patrulha, também chamada de Vila de Anadia, pelas freguesias de Santo Antônio da Patrulha, Senhora da Oliveira da Vacaria e Senhora da Conceição do Arroio.
Por fim, a Vila de Rio Pardo, também chamada de Vila do Príncipe, pelas freguesias de Nossa Senhora do Rosário do Rio Pardo, Santo Amaro, São José de Taquari e Senhora da Conceição da Cachoeira.

Casarão de 1821, Centro Histórico da cidade de Triunfo.
Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Igreja Bom Jesus, também conhecida como Matriz Senhor Bom Jesus do Triunfo, foi construída em 1754, é uma das igrejas mais antigas do Rio Grande do Sul
Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.
A partir desses primeiros municípios, novos foram sendo criados para atender a uma população que crescia e que, por consequência, necessitava de serviços cartoriais, delegacias e outras repartições administrativas. Em 1819, por exemplo, Cachoeira do Sul se emancipa de Rio Pardo, dando origem a mais um município. Mais tarde, Pelotas (1830), Piratini (1830), Alegrete (1831), Caçapava do Sul (1831) e São José do Norte (1831) conquistam independência política e administrativa. Também em 1831, a Freguesia de Triunfo se emancipa de Porto Alegre, agregando consigo a Freguesia de São José do Taquari. Na década seguinte, em 1849, a Freguesia de São José de Taquari, o embrião da região geopolítica Vale do Taquari, adquire o status de Vila.
Referências
MIRANDA, Márcia E.; MARTINS, Liana B. (Coords.). Capitania de São Pedro do Rio Grande: correspondência do Governador Paulo José da Silva Gama 1808. Porto Alegre: CORAG, 2008.
OSÓRIO, Helen. A organização territorial em um espaço de fronteira com o império espanhol e seu vocabulário. Claves – Revista de História, Montevideo, n. 1, p. 67-90, 2015.
VOGT, Olgário P.; ROMERO, Maria R. Z. Uma luz para a história do Rio Grande: Rio Pardo 200 anos – cultura, arte e memória. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2010.