A Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, ocorreu na então província do Rio Grande de São Pedro do Sul, entre setembro de 1835 e março de 1845. Foi a rebelião mais duradoura do Brasil Império, conflito que envolveu o governo federal e as elites rio-grandenses.

Motivada por questões econômicas e divergências políticas entre o governo federal, com sede no Rio de Janeiro, e as elites provinciais do Rio Grande do Sul, foi uma revolta da elite gaúcha, cujas principais lideranças eram membros de altas patentes militares, estancieros, produtores de charque e criadores de gado. O personagem de maior poder e o principal líder do conflito foi Bento Gonçalves da Silva.

Retrato de Bento Gonçalves da Silva, óleo sobre tela, século 19, Pintado por Guilherme Litran. Acervo do Museu Júlio de Castilhos, Porto Alegre, Brasil.
Fonte: Guilherme Litran, século 19 (Domínio Público).

Entre os fatores econômicos discutidos e reclamados pelos rebeldes gaúchos estava o descontentamento dos produtores em relação à redução do preço do charque no mercado interno, além dos altos impostos cobrados para a importação do sal, importante matéria prima para a produção do charque. Já na esfera política, além da deposição do presidente da província, Antonio Rodrigues Fernandes Braga, os revoltosos queriam escolher os próximos presidentes e comandantes. Os rebeldes desejavam um governo que defendesse os interesses dos gaúchos. 

Para a elite gaúcha, o estado deveria ser independente, fato que foi pleiteado em outras províncias do Norte e Nordeste brasileiro. No cenário brasileiro, nesse período, outras rebeliões ocorreram em protesto ao governo central, como a Cabanagem (Grão-Pará), Sabinada (Bahia) e a Balaiada (Maranhão).

Uma vez deflagrada a Guerra dos Farrapos, os embates entre tropas do Império e rebeldes (tropas formadas principalmente por peões e escravos) ocorreram de forma heterogênea no Estado. Na região da Campanha o movimento prosperou, enquanto que as Missões e Serra mantiveram certa neutralidade no conflito. A Guerra Farroupilha não foi defendida por todos gaúchos, pois em centros urbanos como Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e São José do Norte existiam grupos que, além de não apoiarem, foram hostis ao movimento.

Alegoria Farroupilha, aquarela sobre papel, colado em papelão. Acervo do Museu Júlio de Castilhos, Porto Alegre, Brasil.
Fonte: Museu Júlio de Castilhos, s.d (Domínio Público).

Com o prolongamento da guerra civil, o governo imperial preferiu a negociação, enviando Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) para pacificar a província. Após quase uma década de combates e de negociações, o Império conseguiu controlar o episódio reintegrando a província ao território brasileiro. O Império fez inclusive concessões, entre elas: reincorporação de oficiais militares em suas patentes que haviam se rebelado; o pagamento das dívidas da província pelo Império; a garantia de indicação dos presidentes pela elite da província; e anistia geral a todos os rebeldes.

A Guerra dos Farrapos no Vale do Taquari

Em 03 de maio de 1840, na cidade de Taquari, às margens do Rio Taquari-Antas, na localidade de Caramujo, ocorreu um confronto comandados por Bento Gonçalves e forças imperiais lideradas por Manuel Jorge Rodrigues, episódio que ficou conhecido como a Batalha de Taquari. Não se sabe ao certo o número de soldados que perderam a vida na contenda. Na comemoração dos 150 anos do conflito, um monumento foi erguido na comunidade de Caramujo. 

Monumento erguido na localidade de Caramuru, lembrando o episódio ocorrido em Taquari.
Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Referências

GANDIA, Leonardo dos R. Revolução Farroupilha. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.fflch.usp.br/38089.

LAROQUE, Luís F. da S. Guerra Farroupilha: movimento civil de quase uma década. Universidade do Vale do Taquari. 2024. Disponível em: https://www.univates.br/noticia/9719-guerra-farroupilha-movimento-civil-de-quase-uma-decada.