1856
Início da imigração germânica no Vale do Taquari
A segunda metade da década de 1850 inaugura um novo período para a história do Vale do Taquari. É nesse período que tem início o estabelecimento de imigrantes germânicos vindos da Europa ou de descendentes vindos das antigas colônias da região de São Leopoldo. Além de alemães, imigrantes de outras nacionalidades, em menor número, se fixaram no Vale do Taquari, entre eles, holandeses, suíços, franceses e poloneses.
Família de imigrantes alemães estabelecida em Arroio do Meio/RS.
Fonte: Acervo fotográfico de Marcos R. Kreutz
Na região Vale do Taquari, foram criadas muitas colônias de imigração por diversas empresas colonizadoras. Os relatórios dos presidentes (governadores) do Rio Grande do Sul destacam o crescimento de três colônias: Conventos, Estrela e Teutônia, locais onde foram assentados preferencialmente imigrantes germânicos. Os registros de transmissão de tabelionatos mostram que, na década de 1860, foi grande o número de compra e venda de lotes de terras pelos imigrantes.
As Colônias de Conventos, Estrela e Teutônia
A Colônia dos Conventos foi organizada pela empresa Baptista e Fialho & Cia., dos sócios Antônio Fialho de Vargas, Manoel Fialho de Vargas Filho e João Baptista Soares da Silveira e Souza, em 1855, cuja área está situada no atual município de Lajeado.
Em 1859, a Baptista e Fialho & Cia. envia ofício ao governo da província informando que a área estava quase que toda dividida em lotes de 130 mil braças quadradas, 63 hectares. As terras eram comercializadas com colonos nacionais e estrangeiros por um preço fixo estabelecido no ato do fechamento do negócio, que poderia ser à vista ou a prazo. Os colonos que optavam por área menor compravam terras com a superfície de 21 hectares.
No ano de 1856, foi criada, por Vitorino José Ribeiro, a Colônia de Estrela, cuja superfície era de 6.774.134 braças quadradas, equivalente a 3.278 hectares. A referida fazenda localizava-se entre os arroios da Estrela e Boa Vista. Conforme a Ata da Câmara Municipal de Vereadores de Taquari, a Colônia de Estrela foi fundada em 14 de agosto de 1856. Em 1862, a população da colônia era formada por 317 habitantes: 234 brasileiros, 77 alemães, 5 dinamarqueses e 1 francês. Por volta de 1865, a colônia já tinha uma produção variada: feijão, mandioca, trigo, milho, batatas, entre outros. Nesse cenário surgiram pequenos estabelecimentos industriais, os quais produziam, principalmente, manteiga e banha, produtos escoados para a capital da província e outros lugares pelo Rio Taquari.
Ainda em finais da década de 1850, o comerciante Carlos Schilling adquiriu terras onde depois seria fundada a Colônia Teutônia. Anos mais tarde, em 1862, o agrimensor e diretor da colônia, Lothar de La Rue, iniciou a medição das terras, dividindo as quatro e meia léguas quadradas em 600 prazos coloniais, com superfície que variava de 30.000 a 200.000 braças quadradas. Os lotes foram delimitados de tal forma que todos os colonos tivessem acesso a picada (trilha) e aos cursos d’água. Em seguida, a Empresa Colonizadora Carlos Schilling, Lothar de La Rue, Jacob Rech, Guilherme Kopp & Companhia, cujo nome fazia menção aos sócios do empreendimento, foi fundada, dando início a venda dos lotes. O primeiro foi comercializado em 5 de janeiro de 1863, na colônia de número dois da Picada Hermann (atual Linha Germana), área que possuía mil braças quadradas.
Colônias no Vale do Taquari.
Fonte: Rambo (1999).
Referências
CHRISTILLINO, Cristiano L. Estranhos em seu próprio chão: o processo de apropriações e expropriações de terras na província de São Pedro do Rio Grande do Sul. (O vale do Taquari no período de 1840 – 1889). 2004. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2004.
HESSEL, Lothar. O município de Estrela: história e crônica. Porto Alegre: Est Edições, 2004.
KREUTZ, Marcos R.; MACHADO, Neli T. G. O povoamento do Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Lajeado: Editora da Univates, 2017.
LANG, Guido. Colônia Teutônia: história e crônica (1858 – 1908). Novo Hamburgo: Edição do Autor, 1995.
RAMBO, Arthur B. Cem anos de germanidade no Rio Grande do Sul – 1824-1924. São Leopoldo: Editora Unisinos, 1999.
RELLY, Eduardo; MACHADO, Neli T.G.; SCHNEIDER, Patrícia. Do Taiaçuapé a Colinas. Lajeado, Editora da Univates, 2008.