2010
Enchente histórica afeta o Rio Forqueta
Em 04 de janeiro de 2010, uma forte enxurrada provocou alagamentos e estragos em cidades do Vale do Taquari. Entre essas cidades, Marques de Souza, localizada na margem direita do Rio Forqueta, Arroio do Meio e Travesseiro, na margem esquerda, foram bastante atingidas. Naquela oportunidade as fortes correntezas do rio provocadas pela alta precipitação, mais de 300 milímetros em menos de 20 horas, resultaram em prejuízos financeiros.
Dezenas de pontes, lavouras, áreas de campings e outras infraestruturas no município de Marques de Souza foram destruídas. No município de Travesseiro, aviários e criações de suínos foram atingidos resultando em milhares de animais mortos.
As localidades de Forqueta, Forqueta Baixa e Linha 32, no município de Arroio do Meio, sentiram a força das águas do Rio Forqueta. A inundação destruiu lavouras de milho e soja que estavam prontas para a colheita. Segundo levantamento da Prefeitura Municipal de Arroio do Meio, cerca de mil hectares de milho, que quase na sua totalidade, seriam destinados para a formação de silagem foram perdidos.
Além dos danos causados em propriedades rurais, as forças das águas provocaram transformações no leito do Rio Forqueta. Ao longo do rio pode se perceber o aparecimento de novos depósitos de seixos de basalto (cascalheiras) e soterramento de outros.
A cheia do Rio Forqueta também impactou sítios arqueológicos registrados em municípios da região, entre eles, RS-T 101, RS-T 110, RS-T 114 e RS-T 122 – localizados em Marques de Souza e o RS-T 107, em Lajeado, todos situados na margem direita do rio. Na margem esquerda, no município de Travesseiro, artefatos arqueológicos ficaram expostos em algumas áreas.

A enchente provocou estragos na cidade de Marques de Souza/RS. Fonte: LABARQ/MCN/Univates.
Sítio Arqueológico RS-T 114 no pós enchente
Entre os sítios arqueológicos mais atingidos pelas forças das águas do Rio Forqueta, foi o RS-T 114, da localidade de Linha Bastos/Marques de Souza. O fenômeno meteorológico provocou o tombamento de árvores de grande porte e a lixiviação do terreno, na área do sítio e no seu entorno.

Área do Sítio Arqueológico RS-T 114. A mata ciliar foi muito atingida durante o evento em janeiro de 2010. Fonte: LABARQ/MCN/Univates.
Desde 2005, os estudos no sítio RS-T 114 se desenvolveram em duas áreas, definidas pelos pesquisadores do Laboratório de Arqueologia da Universidade do Vale do Taquari, Área 1 e Área 2. Nesse contexto, devido a cheia atípica na região, a queda de uma árvore expôs um perfil artificial na Área 2 com um metro de profundidade.

Área 2 do Sítio Arqueológico RS-T 114 após a enchente de janeiro de 2010. Fonte: LABARQ/MCN/Univates.
Referências
KREUTZ, Marcos R.; SCHNEIDER, Patrícia; MACHADO, Neli T. G.; SANTOS, Paula D.; SCHNEIDER, Fernanda. Arroio do Meio: entre rios e povos. 2ª Edição. Lajeado: Editora Univates, 2020.
SCHNEIDER, Fernanda. Interpretação do espaço Guarani: um estudo de caso no sul da Bacia Hidrográfica do Rio Forqueta, Rio Grande do Sul, Brasil. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências: Ambiente e Desenvolvimento) – Universidade do Vale do Taquari, Lajeado, 2010.
WOLF, Sidnei. Paisagens e sistemas de assentamento: um estudo sobre a ocupação humana pré-colonial na Bacia Hidrográfica do Rio Forqueta/RS. 2012. Dissertação (Mestrado em Ambiente e Desenvolvimento) – Universidade do Vale do Taquari, Lajeado, 2012.