
Sítio RS-T-138
Tipo: Sítio Guarani
Altitude: 55 metros
Localidade: Linha Arroio Augusta - Roca Sales/RS
O RS-T-138 foi identificado pela equipe do Laboratório de Arqueologia da Univates em maio de 2024, após a grande cheia de atingiu a região naquele mês e ano. Está localizado em uma planície de inundação na margem esquerda do Rio Taquari-Antas.
Antes de maio de 2024, o sítio havia sido impactado por duas outras enchentes, setembro de 2023 e novembro de 2023. No entanto, foi em maio de 2024 que a força das águas retirou entre 30 a 50 centímetros de sedimento da superfície, deixando camadas arqueológicas expostas e dezenas de manchas de terra preta, complexos funerários e vestígios arqueológicos (fragmentos de cerâmicas, artefatos em pedra, ossos de animais e ossos humanos) em evidência.
Entre julho e agosto de 2024, a equipe do Laboratório de Arqueologia da Univates, em colaboração com pesquisadores de Santa Catarina e da Argentina, realizou escavações na área. A partir de decapagem de áreas amplas, coletas controladas de amostras e mapeamento aéreo por drone, foi recuperada uma quantidade expressiva de vestígios: fragmentos de cerâmica (aproximadamente 7.000), artefatos e lascas de pedra (aproximadamente 1.200), material ósseo de fauna (aproximadamente 1.300), sementes carbonizadas (aproximadamente 700). Além desses materiais, o sítio revelou um contexto funerário extremamente bem preservado na porção sudoeste, com três sepultamentos em urna funerária e dois depositados diretamente no solo.
A análise das manchas de terra preta indicou que o RS-T-138 foi uma antiga aldeia Guarani semicircular, ou seja, com formato de “C”, cuja parte aberta está apontada para o nordeste. As manchas de terra preta correspondem às antigas estruturas arquitetônicas que, em conjunto, formavam a aldeia. Entretanto, nem todas essas estruturas teriam a função de habitação, uma vez que casas de rezas e rituais, áreas de processamento de alimentos, áreas de manufatura de cerâmica e artefatos de pedra também compunham espaços importantes nas aldeias.
Foram realizadas três datações radiocarbônicas neste sítio. Os resultados calibrados indicam que ele foi habitado entre os séculos 1430 e 1620 da nossa Era, isto é, entre 600 e 400 anos atrás. Contudo, é preciso recordar que as camadas superiores do sítio foram levadas com a força das águas, assim, é provável que o intervalo de ocupação tenha avançado mais algumas décadas ao longo do período colonial.

Vista aérea das manchas de terra preta que compõem o sítio RS-T-138. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Delimitação das manchas de terra preta em quadras para escavação. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Urna funerária escavada no sítio RS-T-138. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Enterramento indígena direto no solo. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Processo de escavação do sítio RS-T-138. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Processo de escavação do sítio RS-T-138. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.

Processo de escavação do sítio RS-T-138. Ano de 2024. Fonte: Acervo do Laboratório de Arqueologia da Univates.